quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Introdução

Entregar à custódia do cais das recordações histórias que nos aqueceram a alma, antes que o esquecimento ou a (senil) idade impeçam os neurónios de organizar o seu registo, é obrigação de quem se tenha sentido confortado pelo calor desse braseiro. Os seus protagonistas, alguns recatados e indolentes polidores de esquinas, outros lafraus e pícaros, outros notáveis da ciência à arte, todos eles cheios de engenho e graça, merecem ser lembrados pelo resplendor que criaram no seu círculo de conhecidos e amigos. As histórias que aqui vão fundear são deles, pelo que são eles os seus naturais e legítimos donos. Pela parte que me toca, tentarei dar-lhes vida e, reconhecidamente, chegar com a ponta dos dedos à ponta dos artelhos, em curvilínea postura de gratidão, pelo cortejo lacrimal que tantas vezes exibimos, sempre que a agenda da sua lembrança se abre. Como o exercício de escrita, e a lisura, nunca provocaram indigestão a ninguém, peço aos literatos que sejam benévolos comigo e deixem vir à luz do dia algumas narrativas inócuas à literatura.

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